O Coletivo Xaréu é experimentação musical e pedagógica
desenvolvido no Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias
Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(Cecult/UFRB), envolvendo diversos naipes, fontes musicais,
estética sonora do Recôncavo da Bahia e do mundo pop musical
Criado no início de 2011, o Coletivo Xaréu se definia como
um cardume audiovisual, formado, em sua base, pelos professores
Cláudio Manoel Duarte (beats), Danillo Barata (berimbau eletrônico
e trompete), Fernando Rabelo (VJ) e Jarbas Jácome (guitarra,
arranjos). Muitos artistas sonoros se juntaram ao projeto no
decorrer dos anos.
Na atual formação, reformulada em 2022, o Coletivo Xaréu se
mantém como uma atividade de extensão ligada ao “Paisagem
Sonora – Programa de Promoção da Música do Recôncavo da
Bahia”: um cardume de 12 músicos, cantores e beatmakers, dentre
estudantes bolsistas e voluntários, criando um repertório cheio de
referências da musicalidade do Recôncavo Baiano, conectando
com timbragens, arranjos e grooves do mundo, focado no
ensino-aprendizagem. O processo de seleção dos músicos se dá
anualmente, através de análise de portfólio artístico e de
entrevistas, buscando a diversidade de formação. Os ensaios
acontecem duas vezes por semana e o grupo se apresenta em
variados eventos, sob direção do professor Sólon Mendes.
ESTÉTICA SONORA HÍBRIDA
Esteticamente, como podemos definir as pesquisas musicais do
grupo atual e montagem de repertório? O maestro e coordenador
do projeto, Sólon Mendes, afirma que atualmente o repertório do
Coletivo Xaréu busca dialogar com aspectos da musicalidade do
Recôncavo, como o pagode baiano e a sofrência, aliados a
elementos da música urbana e música contemporânea. Boa parte
das composições e arranjos é autoral, fruto dos laboratórios que
ocorrem de maneira conjunta aos ensaios, e pressupõe uma
pluralidade estética, fruto da fusão entre os integrantes que
participam do Coletivo Xaréu.
“No que se refere ao aspecto estético, o grupo vislumbra o
hibridismo musical, tendo como base a cultura musical do
Recôncavo Baiano, através das sonoridades dos músicos das
filarmônicas, do candomblé e do samba de roda, em constante
diálogo com as sonoridades contemporâneas, desenvolvidas
através das oficinas de arranjo, harmonia e composição, e em
diálogo com os participantes”, afirma Sólon Mendes. O repertório
dialoga ainda com elementos da música pop e até com a
eletrônica, incluindo beats (batidas) do trap e acid jazz, por exemplo.
MÚSICA ASSOCIADA À EDUCAÇÃO
O Coletivo Xaréu se transformou num projeto de música e
educação. Ou seja, é mais que um grupo musical se preparando
para shows, pois, segundo o maestro e coordenador, há em sua
dinâmica interna metodologias de criação artística que elegem os
processos de produção musical como um permanente laboratório de
experimentação focado na aprendizagem.
O que podemos destacar nesse campo pedagógico, então? “O
diálogo entre os saberes acadêmicos e populares representa a
maneira que está estruturada este projeto, através da articulação
direta com membros do coletivo, que ajudaram a construir esta
proposta. Um dos pressupostos pedagógicos que permeiam este
projeto é a ideia de que a teoria seja uma reflexão da prática, num
processo de constante diálogo e aprimoramento entre teoria e
prática, e que esta práxis reflexiva tenha origem no diálogo entre
educador e educandos, que estes papéis se diluam e se crie um
grande ambiente de aprendizagem compartilhada”, detalha Sólon
Mendes.
